domingo, 3 de maio de 2009

Para onde fogem as ideias?

Estava tentando escrever alguma coisa e já tinha tudo planejado em mente. Eis que me deparo com a caneta na mão e o papel em branco assim como a minha mente ficou no mesmo instante. Ainda agora, por exemplo, nessa frase passada aí de cima e nessa que eu estou escrevendo agora e você está lendo (espero!), porém deveria ler outra coisa uma vez que a ideia que me fugiu era um pouco diferente desta, originalmente.

Daí me perguntei: Para onde fogem as ideias? Como pode uma coisa fugir assim e nunca mais voltar? É, umas não voltam de jeito nenhum! E mesmo as que voltam não são mais as mesmas de antes, pois no seu passeio são modificadas, trazendo a bagagem da viagem. Algumas viajam por meses infindos antes do seu regresso. E quando ela é boa recebemos de braços abertos. Quando não é tão boa assim mandamos ela pra mais uma viagem, um tipo de ostracismo. Ela apenas vislumbra-se rapidamente diante de nós, aterrissa e como em uma conexão alça voo novamente para mais uma viagem, para o seu destino.

Mas aonde é esse destino? Será que é pro tal Mundo das Ideias de Platão? Imagino um lugar aonde todas as ideias fugidias do Mundo se encontrem, um Universo Paralelo, quem sabe. Ou talvez seja um lugar abstrato esse tal mundo das ideias. Mas isso não quer dizer que não exista. Penso assim: se as ideias são seres abstratos, espíritos errantes, talvez, o seu exílio há de ser abstrato também. Embora algumas ideias nos habitem e nós não somos abstratos, por completo. Mas se for o caso do mundo das ideias ser algo concreto, sinceramente, eu não faço nem ideia de como ele seria.

Se analisarmos bem ao fundo o conceito de concreto e abstrato se fundem e se confundem. É difícil imaginar algo puramente abstrato ou algo puramente concreto. Já pensou nisso? Há ideias concretas, há ideias abstratas, mas por fim, só queria saber aonde elas vão quando fogem! Em que refúgio, cativeiro, paraíso ou mosteiro elas ficam. Ah! mas eu ainda vou capturar essas ideias esquivantes e fugidiças. Prendê-las e por no quartel. Ou melhor, no papel. Para assim poder mostrar uma espécime rara de texto. Feito só de ideias desertoras nunca dantes vistas!

(Erasmo Felipe)

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