terça-feira, 7 de abril de 2009

Síndrome de Peter Pan

Síndrome de Peter Pan

Quem nunca ouviu alguém falando "deixe de criancice!", "pare com essas brincadeiras infantis". Por trás de tudo isso existe um adulto preconceituoso, achando-se superior à toda e qualquer criança, afinal ele é um homem sério, um homem de negócios, talvez! Alguns adultos esqueceram a criança que já fora um dia. Qual o problema em ser criança? Não é feio ser criança, feio é perder a criança que existe dentro de cada um de nós. É preciso resgatar essa criança caso você a tenha esquecido.

A criança representa algo muito maior escondido por trás desse pequenino ser. Devemos buscá-la incessantemente, dentro de nós, como em uma brincadeira de esconde-esconde. E você sabe, criança nunca cansa! Envelhecemos, vamos mudando fisicamente e mentalmente, mas não podemos nunca perder de vista por completo a nossa criança. E se você esqueceu onde escondeu a sua, trate de procurar o quanto antes.

É com essa criança que estão todos os nosso sonhos, os nossos maiores desejos. Essa criança nunca envelhece. A medida que nós envelhecemos ela permanece lá, sorrindo ou chorando, mas sempre criança! Um eterno Peter Pan. E além de todos os sonhos e desejos, o nosso espírito também está com essa criança.E em nosso espírito se conserva algo imutável, um traço marcante de nossa personalidade, uma coisa única em cada um de nós. Nascemos e morremos com isso. Então, nascemos e morremos crianças!

Basta observar um velhinho a cada dia mais senil, mais criança vai se tornando. Em uma espécie de regressão e busca pelo que já foi uma dia, como em um ciclo que vai se fechando, e na hora da morte apenas o envelhecido corpo fica. E a criança é liberta, desprendida do corpo, rumo às portas do Céu. Lembre-se, não é em vão que a Alma nunca envelhece e o Céu não é Puro por acaso. Só entram crianças no Céu. Nunca perca a criança que existe em você!

(Erasmo Felipe)

Politicagem na Fila

Politicagem na Fila

- Você vem sempre aqui?

- Não, é a primeira vez! e você?

- Ah! É a primeira vez que venho também.

- Tá quente né?

- Muito quente! E olha só o tamanho da fila...

- É verdade, tá enorme!

- E só tem esse corredor estreito pra entrar!

- Vai demorar séculos isso! Impressionante!

- Já sei! A gente poderia tentar sair da fila e entrar um pouco mais na frente...

- Ótima idéia! Estava pensando a mesma coisa. Quem sabe a gente não encontra algum conhecido...

- Vamos andando!

- Veja! Veja! Aquele ali não é um ex-big brother?

- Ex-Big o quê?

- É! Deixa pra lá...vamos mais ali na frente

- Agora sim! Aquele ali eu conheço!

- Quem é ele?

- Não é o tal político "Paulo Maluco" !?

- Não sei, deixa chegar mais perto pra eu ver...Hm, É ele mesmo!

- Paulinho meu amigo! Bom te ver!

- Olá! Quanto tempo hein! Tudo bem com vocês?

- Tudo bem sim...
- Tudo Ótimo! Só tem um probleminha...

- Problema? Que problema? Fala que eu te escuto! E quem sabe não pioro alguma coisinha...hehehe

- Hahaha, Homem generoso esse Paulo... sempre ajudando os outros ajudarem ele... hahaha
- Veja Paulinho, o problema é o seguinte, estávamos querendo um jeitinho mais fácil de entrar, sabe como é né?
- Isso mesmo! Já viu o tamanho da fila? Se tiver como ajudar a gente... Senão, vá pro Inferno! HAHAHA!

- HAHAHA! Vá pro Inferno! Essa foi boa! É claro que ajudo sim! Sou o próximo da fila...

- Então, Ótimo! - exclamam os dois

- Aliás, talvez eu tenha até como arranjar duas secretarias pra vocês...

- PRÓXIMO!!! - grita alguém lá da portaria!

- Venham, venham vocês dois! Vocês estão comigo!

- Nome do Senhor? pergunta o porteiro

- Paulo Salém Maluco! Esses rapazes tão comigo!

- Oh! Sem problemas! Estávamos esperando pelo Senhor... o Dono do estabelecimento quer até falar com Vossa Senhoria...

- E o que ele quer dessa vez?

- Espere um minuto... vou chamá-lo!

Paulo se vira para os outros dois e diz: Viram como foi fácil! Falei pra vocês...

- Poxa! Muito Obrigado!
- Obrigado mesmo!

- Está aqui Chefe o Senhor que você tanto aguardava!

- MEU AMIGO MALUCO! HAHAHA...ATÉ QUE ENFIM VOCÊ CHEGOU!!! HAHAHAHA

- OH meu grande irmão! Eu também não via a hora... e como estão as coisas por aqui?

- RAPAZ! Tá uma zona isso aqui...HAHAHA... Só não tá que nem Brasília, ali sim é um espetáculo... HAHAHAHA!

- Meu grande irmão, o Planalto central de agora em diante será aqui!

- HAHAHAHA! É por isso que gosto tanto de você MALUCO! E conto com você no Ministério do Desenvolvimento!

- Sem problemas! Estes dois aqui serão meus secretários adjuntos...

- AH!!! HAHAHA! Ótimo então! Entrem... contarei com vocês na administração e desorganização disso aqui... mostrarei o Caos e a desordem que isso aqui vai ficar!

... e os Três políticos entram no Inferno abraçados com o Capeta!


(Erasmo Felipe)

O Inconformado João

João sempre foi um inconformado. Alguns o chamam de ranzinza, mas ele não liga.
Sempre reclamando de alguma coisa. Seja um buraco na rua ou uma rua inundada,
o trânsito caótico, os preços dos produtos nos supermercados, a política do País.
Os amigos do trabalho pegam muito no pé dele,dizendo: João,você também só faz reclamar!
Movido por uma espécie de orgulho e também por um cartaz que ele viu no poste da esquina
do quarteirão da sua casa, João viu que não estava sozinho nesse mundo e decidiu mostrar
para os seus amigos que ele não é homem só de reclamar.
No dia seguinte, um Domingo, João se penteia e por fim passa na cozinha, pega uma panela
e uma grande colher de pau e vai às ruas. Chegando no tal lugar marcado ele resolve
traçar diálogo com um homem ao seu lado, também um pouco afastado da multidão.

João chega um pouco mais perto do homem e pergunta:

- Estão protestando contra o quê?

O homem de terno e gravata mostrava não se ajustar muito bem naquelas roupas,
estranha a pergunta dirigida, mas responde:

- Sei lá, acho que né contra nada não!

João insiste.

- E porquê toda essa multidão?

- Ah! É por causa do homi que tá vindo.

Nessa hora João sentiu-se curioso pois viu um certo orgulho daquele homem simples de
terno roto ao falar desse tal homem.

- E quem é esse homem?

- Ele tá vindo nos visitar!

- A visita tem a ver com o protesto?

- Acho que tem não tem não! E por o Senhor tá com essa panela aí na mão?

- Eu vim pelo protesto.

- Mas "potrestá" u quê ?

João aproveita para se soltar, como se esperasse por este momento, para enfim fazer
o que mais gosta e o que mais sabe, e destoa o seu discurso:

- O quê? Você acha que com tudo isso que tá acontecendo na Economia, na

Política e na Cidade não merece um protesto?

- Sei dizer não Senhor.

E João continua: - É um absurdo o que está acontecendo com a Economia e na nossa cidade, já viu quanto ganha um vereador? E para fazer o quê? Fora isso ainda temos os altíssimo IPTUs que não vemos para onde vai tal dinheiro...

O homem se cala, João percebe e muda de assunto:
- Que horas esse tal homem vem?

- Deve de tá chegando!

E de repente a multidão grita e se agita! O tal homem chegou! João se prepara para fazer alguma coisa, vai em direção à multidão, tenta driblar todos para chegar em frente ao palanque. João vê uma escadaria, corre em direção ao púlpito driblando todos os seguranças. O homem que estava prestes a falar afasta-se do microfone assustado, João chega de panela e colher de pau na
mão, olha para o homem e para o microfone e vê no microfone uma oportunidade
do seu desabafo ser ouvido por milhares de pessoas. E começa a falar batendo panela:
- Lutemos por um aumento do Salário Mínimo! Lutemos por melhores aplicações dos nossos impostos!

Nessa hora os seguranças alcançam João e o afastam do microfone. E o tal homem interrompe os seguranças: Podem deixar! Está havendo um mal-entendido!
E pergunta para João: - Como é o seu nome? E o que o Senhor está fazendo com essa panela aí na mão!

- Meu nome é João! Eu vim pelo protesto! Já não aguento mais tudo isso...

- Protesto?! Ah! Isso não é um protesto! Muito Prazer, sou o Pastor Macedo!
Nós somos Protestantes! Quer ver? ALELUIA IRMÃOS!

E a multidão grita sonora e uníssona como um grito de Gol em final de Copa do
Mundo: AALELUUUIAAAA!!!

Desse dia em diante João deixou o inconformismo e virou protestante!


(Erasmo Felipe)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Flor

As vezes encantamo-nos tanto com a beleza da Flor que esquecemos dos seus espinhos. Outras vezes ficamos com tanto medo dos espinhos que esquecemos da beleza da Flor! A verdade é que se a flor não tivesse espinhos não a pegaríamos com tanto cuidado!

(Erasmo Felipe)

O vaga-lume

O vaga-lume

E lá ia o vaga-lume, divagando devagar pelo ar, vagabundando no vago do
quarto. Dona Ciça acabara de ler para Pedrinho a história dos Três
Porquinhos. Mas esse estava irrequieto e ainda não dormira. Eis que aparece o
vaga-lume. E aquele brilho momentâneo pareceu iluminar todo o quarto e também
fez brilhar os olhos de Pedrinho que no mesmo instante se vira pra Dona Ciça

e fala empolgadamente:

- Olha Mãe! Olha Mãe!

- Estou vendo Pedrinho, não é bonito?

- Mãe que bicho é esse?

- É um vaga-lume filho!

- E isso é uma vaca?

- Uma vaca?

- Sim, você que disse. vaca num sei o quê.

- Não Filho, o nome é vaga-lume. Va-ga-lu-me!

- Ah tá! va-ga-lu-me, va-ga-lu-me, vaga-lume. vaga-lume. nome bonito esse,
vaga-lume! E porque ele acendeu?

- É que ele é um bicho muito especial. Possui uma luz natural

- Mãe! Mãe! Apagou! Apagou! Acendeu! Acendeu! Acendeu! Apagou denovo!

Acendeu! Acendeu! Apagou!

Dona Ciça vendo aquela cena acha graça de toda a admiração e surpresa do
filho enquanto lhe faz cafuné. Pedrinho permace petrificado com a cabeça no
colo da Mãe, olhando para o teto.

- Mãe, ele morde morde?

- Morde não, ele é mansinho!

- Ô Mãe, se eu ficar acendendo e apagando a luz do quarto o Papai falou que
ela ia queimar.

- É verdade, seu Pai tem razão Filho!

- Mãe, então porque o vaga-lume não queima?

- Não sei dizer meu Filho.

- E se acabar as pilhas dele Mãe?

- Vaga-lume não têm pilhas!

E Pedrinho diz surpreso: - Não têm!? Que engraçado!

Nesse momento entra outro vaga-lume no quarto para o delírio de Pedrinho.
Apesar do aperreio de Dona Ciça que não via a hora de Pedrinho pegar no sono,
ela também estava gostando do show de luzes particular, admirando também os
vaga-lumes.

- Olha,Olha,Olha,são dois! são dois! Mãe, existe mais de dois vaga-lume no
mundo?

- Existe sim Filho! Existem bem mais que dois!

- E no mundo todinho? São quantos?

- São milhares e milhares!

- E se eu juntar todos eles numa caixinha?! - diz Pedrinho como se estivesse
pensando em voz alta. E logo depois emenda outra pergunta: - Ô Mãe, porque a
gente não coloca vaga-lume na árvore de natal, não seria legal?

- Seria legal sim, mas eles voariam todos e a árvore ficaria apagada!

- A gente pode amarrar uma corda nos pés dele pra ñao voar!

- Podia sim, mas não seria legal. Você gostaria que amarrassem uma corda no
seu pé?

- Não! Gostaria não!

Entra um vento no quarto e carrega os dois vaga-lumes mundo afora pela
janela.

- Olha Mãe, eles foram embora!

- Ele foram pra casa dele. Já tá na hora deles dormirem também!

- Mãe, já sei! Quando eu crescer eu quero ser vaga-lume.

- Mas vocÊ é um menino Pedrinho! Porque você ia querer ser um vaga-lume?

- Não sei, é bonito! Tenho medo do escuro e o vaga-lume tem luz!

- Se for por causa da Luz filho então você já é um vaga-lume!

- Sooou!?

- É sim! Todos nós temos uma Luz Pedrinho. Cada um de nós tem uma!

- E porque eu nunca vejo?

- É que essa Luz está dentro da gente, bem aqui perto do coração! Ora acende,
ora apaga. Devemos manter ela sempre acessa, mas de vez em quando ela apaga.

- E quando apaga acontece o quê?

- Devemos fazer com que ela acenda denovo, que nem o vaga-lume!

- Ah! Legal! Então eu já sou um vaga-lume, diz Pedrinho já com a voz bastante
sonolenta.

E Dona Ciça diz: - É sim Meu Filho, um vaga-lume muito iluminado!

- Não tenho mais medo do escuro... diz Pedrinho antes de cair em sono
profundo.

Dona Ciça levanta a cabeça de Pedrinho de sua perna com bastante cuidado para
não acordá-lo, beija-lhe a testa e deixa Pedrinho com seus luminosos sonhos
de vaga-lume.

( Erasmo Felipe )