terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Furacão

Ao mesmo tempo admiro e temo o furacão. Essa força contraditória da natureza, que destrói outras grandes obras e belas paisagens feitas pela própria natureza. O furacão em si nasce de forças opostas, da mescla do quente e do frio, vaporização e condensação, baixa e alta pressão, etc. E a contradição só se propaga. De uma lado a sua perfeita forma cônica que pode ser estudada pela Geometria Euclidiana. De outro, as espirais caóticas, sem nenhuma forma definida, as quais mais se aproximam de figuras da Geometria não-Euclidiana, os fractais. Ah, os fractais! Também sou fascinado por eles, merecem um texto só deles. Mas, continuando as divagações.
Temos, diante de toda essa caoticidade, a calmaria do olho do Furacão, com seus ventos amenos bem ao centro, não ultapassando 30km/h, isso ao redor de todo poderoso caos que o envolve. Todo o poder de destruição da natureza reunido numa das mais belas construções de Gaia.
E a beleza é feita disso, uma série de incoerências bem coesas. A beleza é feita do feio e do belo, do claro e do escuro, do quente e do frio, da admiração e do temor. Admiração e Temor? Exatamente! E a maior prova disso se dá com o nosso espanto diante do belo. Reflita sobre isso. Demorei um bom tempo para chegar a essa conclusão, talvez não tenha sido à toa. Narciso em suas mais variadas versões do mito era famoso por sua beleza, e também era conhecido na Mitologia Grega por auto-admirador. E ficamos como Narciso diante do belo, paralisados, surpresos. E o nosso espanto é uma espécie de reverência com assombro. Tanto que o significado de Temor, segundo o Aurélio, "é um sentimento de reverência" e já o significado de Admirar "é causar espanto, assombro". E a beleza está em tudo. E é assim que vejo o furacão, a natureza e toda a humanidade, com temor e admiração.
Admiro e temo. (Erasmo Felipe)