segunda-feira, 6 de abril de 2009

O vaga-lume

O vaga-lume

E lá ia o vaga-lume, divagando devagar pelo ar, vagabundando no vago do
quarto. Dona Ciça acabara de ler para Pedrinho a história dos Três
Porquinhos. Mas esse estava irrequieto e ainda não dormira. Eis que aparece o
vaga-lume. E aquele brilho momentâneo pareceu iluminar todo o quarto e também
fez brilhar os olhos de Pedrinho que no mesmo instante se vira pra Dona Ciça

e fala empolgadamente:

- Olha Mãe! Olha Mãe!

- Estou vendo Pedrinho, não é bonito?

- Mãe que bicho é esse?

- É um vaga-lume filho!

- E isso é uma vaca?

- Uma vaca?

- Sim, você que disse. vaca num sei o quê.

- Não Filho, o nome é vaga-lume. Va-ga-lu-me!

- Ah tá! va-ga-lu-me, va-ga-lu-me, vaga-lume. vaga-lume. nome bonito esse,
vaga-lume! E porque ele acendeu?

- É que ele é um bicho muito especial. Possui uma luz natural

- Mãe! Mãe! Apagou! Apagou! Acendeu! Acendeu! Acendeu! Apagou denovo!

Acendeu! Acendeu! Apagou!

Dona Ciça vendo aquela cena acha graça de toda a admiração e surpresa do
filho enquanto lhe faz cafuné. Pedrinho permace petrificado com a cabeça no
colo da Mãe, olhando para o teto.

- Mãe, ele morde morde?

- Morde não, ele é mansinho!

- Ô Mãe, se eu ficar acendendo e apagando a luz do quarto o Papai falou que
ela ia queimar.

- É verdade, seu Pai tem razão Filho!

- Mãe, então porque o vaga-lume não queima?

- Não sei dizer meu Filho.

- E se acabar as pilhas dele Mãe?

- Vaga-lume não têm pilhas!

E Pedrinho diz surpreso: - Não têm!? Que engraçado!

Nesse momento entra outro vaga-lume no quarto para o delírio de Pedrinho.
Apesar do aperreio de Dona Ciça que não via a hora de Pedrinho pegar no sono,
ela também estava gostando do show de luzes particular, admirando também os
vaga-lumes.

- Olha,Olha,Olha,são dois! são dois! Mãe, existe mais de dois vaga-lume no
mundo?

- Existe sim Filho! Existem bem mais que dois!

- E no mundo todinho? São quantos?

- São milhares e milhares!

- E se eu juntar todos eles numa caixinha?! - diz Pedrinho como se estivesse
pensando em voz alta. E logo depois emenda outra pergunta: - Ô Mãe, porque a
gente não coloca vaga-lume na árvore de natal, não seria legal?

- Seria legal sim, mas eles voariam todos e a árvore ficaria apagada!

- A gente pode amarrar uma corda nos pés dele pra ñao voar!

- Podia sim, mas não seria legal. Você gostaria que amarrassem uma corda no
seu pé?

- Não! Gostaria não!

Entra um vento no quarto e carrega os dois vaga-lumes mundo afora pela
janela.

- Olha Mãe, eles foram embora!

- Ele foram pra casa dele. Já tá na hora deles dormirem também!

- Mãe, já sei! Quando eu crescer eu quero ser vaga-lume.

- Mas vocÊ é um menino Pedrinho! Porque você ia querer ser um vaga-lume?

- Não sei, é bonito! Tenho medo do escuro e o vaga-lume tem luz!

- Se for por causa da Luz filho então você já é um vaga-lume!

- Sooou!?

- É sim! Todos nós temos uma Luz Pedrinho. Cada um de nós tem uma!

- E porque eu nunca vejo?

- É que essa Luz está dentro da gente, bem aqui perto do coração! Ora acende,
ora apaga. Devemos manter ela sempre acessa, mas de vez em quando ela apaga.

- E quando apaga acontece o quê?

- Devemos fazer com que ela acenda denovo, que nem o vaga-lume!

- Ah! Legal! Então eu já sou um vaga-lume, diz Pedrinho já com a voz bastante
sonolenta.

E Dona Ciça diz: - É sim Meu Filho, um vaga-lume muito iluminado!

- Não tenho mais medo do escuro... diz Pedrinho antes de cair em sono
profundo.

Dona Ciça levanta a cabeça de Pedrinho de sua perna com bastante cuidado para
não acordá-lo, beija-lhe a testa e deixa Pedrinho com seus luminosos sonhos
de vaga-lume.

( Erasmo Felipe )

Nenhum comentário:

Postar um comentário