domingo, 19 de julho de 2009

Amor, amor...

Amor demais machuca. Amor dói. Não há Amor sem dor. Escuto isso tantas vezes, mas nunca havia parado para refletir sobre, escutava, apenas... Como pode um sentimento tão bonito, tão sublime, causar tanto ferimento?
Shakespeare já nos dizia: "só ri da cicatriz quem nunca foi ferido!" .
Mas e a causa de tal ferimento? Foi mesmo o Amor? Não sei, penso que não! O ferimento de Shakespeare nada mais é que uma metáfora de um Amor que chegou-se ao fim. Amor de verdade não machuca, não causa dor, o que causa dor é quando o Amor acaba, é esse sentimento de perda! Quando acaba ou quando diminui [para os que colocam escala (em algo imensurável)].
Um Amor diminuído também dói, sentimos perder o que tínhamos antes em determinado grau e agora temos um pouco menos. Somos gananciosos por amor, sedentos, uma sede de deserto, insaciável! Queremos tê-lo a qualquer custo, aprisionamo-lo em uma cela e jogamos fora a chave. E, por trancafiar, acabamos matando o Amor.
Se você amasse realmente, não teria jogado fora a chave. Não se pode prender o imaterial, algo etéreo. Devia tê-lo entregue a chave, deixando-o livre para voltar, e transformar a antiga cela em uma espécie de lar, reconfortante. Um lugar de aconchego, um bálsamo. Li isto em algum lugar e não me recordo a fonte. Exupéry, talvez! Mas só sei que diz assim: "Amo a liberdade! Por isso todas as coisas que amo deixo-as livre. Se voltarem é porque conquistei. Se não voltarem é porque nunca as tive." Eis assim o Amor. É um sentimento que não se pode ter, pode-se estar com o Amor.
Pois, Amor não é sentimento de posse, Amor não dói, não machuca e há sim amor sem dor. A cicatriz de Shakespeare metaforiza a cura, a libertação da dor, por isso não se deve desdenhar da cicatriz dos outros, e sim olhar com respeito. Não se ama verdadeiramente com ferida aberta, o Amor puro e simplesmente Amor, o verdadeiro Amor, só se dá quando fecham-se todas as feridas. Pena que só aprendemos tudo isso amando e passando por alguns ferimentos. Comigo foi assim! Eu aprendi e ainda aprendo! Eterno aprendiz! E não tenha medo, não precisa ter medo. As cicatrizes só nos deixarão mais fortes e aptos para Amar.
(Erasmo Felipe)

Trecho do filme "A Beautiful Mind" (Uma Mente Brilhante) - 2001, produzido por Ron Howard e Brian Grazer. Roteiro baseado em um livro de Sylvia Nasar sobre a biografia de John Forbes Nash, um brilhante Matemático, que sofria de esquizofrenia. Nash, por suas contribuições, foi ganhador do Nobel de Economia em 1994.
Discurso de Nash:

"Sempre acreditei em números, nas equações e na lógica. Mas após uma vida de demanda, pergunto: o que é,na verdade,lógico? Quem decide o que é racional? A minha busca me levou do físico… ao metafísico… ao ilusório e ao regresso. E fiz a mais importante descoberta da minha carreira. A mais importante descoberta da minha vida. É apenas nas misteriosas equações do Amor que alguma lógica ou razão podem ser encontradas. Estou esta noite aqui, apenas, graças a ti. És a razão de eu ser. És todas as minhas razões. Obrigado!."


"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor."
Wolfgang Amadeus Mozart.

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